O corpo do pedreiro Kleberson Nascimento, 37 anos, que ficou
preso em uma tubulação de drenagem em Mãe Luiza por sete dias, foi sepultado
neste sábado (28), no cemitério do Bom Pastor II. Morador do bairro na zona
Leste de Natal, Kleberson foi sugado pela tubulação no dia 21 de março, durante
as fortes chuvas que atingiram a capital. O resgate do corpo, porém, só foi
concluído às 3h30 deste sábado, após a desobstrução do poço de visita (PV) 5.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura
(Semov), um levantamento será feito a partir de segunda para redefinir o
cronograma da obra.
Kleberson Nascimento morava em um imóvel na rua Saquarema,
próximo ao local do ocorrido. Apelidado como “Neném” na comunidade, era
conhecido por sempre ajudar os outros. Por volta do meio-dia do dia 21 de
março, as chuvas formaram um alagamento na rua Atalaia. Com a ajuda de outro
rapaz, Kleberson tentava desobstruir o sistema de drenagem quando foi sugado
para dentro da tubulação. Segundo a família, o laudo expedido pelo Instituto
Técnico da Polícia Civil do Rio Grande do Norte (ITEP) aponta que a causa da
morte foi traumatismo craniano. Ele teria batido a cabeça logo após ser sugado.
Durante sete dias, equipes da Defesa Civil, Corpo de
Bombeiros, Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) e da empresa contratada
para recuperar a encosta de Mãe Luiza, Tecnopar Engenharia. A maior
dificuldade, segundo as equipes, foi descobrir a localização do corpo, o que só
aconteceu na última sexta-feira (27), por volta das 19h. A partir daí,
iniciou-se o trabalho de remoção, que demorou mais oito horas. Apesar de já
estar em fase de decomposição, o corpo do pedreiro foi retirado sem danos e
entregue ao ITEP.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil municipal,
Eugênio Soares, foram utilizadas soldas de ferro para retirar o corpo. “A
última tentativa foi a que deu certo. O engenheiro da prefeitura viu que ao
lado da tubulação existia uma emenda construída pela empresa que diminuía o
diâmetro. O que fizemos foi quebrar a lateral, cerrar a tubulação e, com uma
catraca de reboque, deslocar o suficiente para retirar a emenda. Com isso
voltamos a ter o diâmetro do tubo. Laçamos o copo pelos pés e conseguimos
puxá-lo”, explicou Soares. Bombeiros desceram por escadas para dentro do PV e
localizaram o corpo, que foi protegido por um saco e içado.
A emenda é uma estrutura de concreto construída pela empresa
responsável pela recuperação definitiva da encosta de Mãe Luíza durante a
semana, com o objetivo de evitar o desmoronamento da área. Segundo o engenheiro da obra pela Semov,
Gualter Sá, o resgate não trouxe nenhum dano às tubulações de drenagem, e a
encosta está segura. Não há probabilidade de desmoronamento em caso de chuvas
durante o final de semana. Ainda na manhã de ontem (28), equipes da empresa
Tecnopav Engenharia retomaram o trabalho para aterrar a cratera.
Tribuna do Norte
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