Da insegurança de trabalhar nas
ruas ao bem-estar da sala de aula. O ex-flanelinha Agleilson de Sousa Brasil,
de 30 anos, mudou de vida quando resolveu estudar com dedicação. Mossoroense,
ele passou em um concurso público e, no dia 28 de abril, assinou o termo de
posse para assumir, em breve, o cargo de professor de matemática da rede
estadual de educação.
"A palavra é determinação.
Percebi que eu precisava de estabilidade, tanto financeira quanto emocional.
Então, comecei a estudar de verdade". É assim que o ex-flanelinha descreve
o seu momento de mudança. Agleilson trabalhou como flanelinha por quase 2 anos
em Mossoró, na região Oeste potiguar.
Morador do Pirrichil, comunidade
carente da cidade, foram muitas as dificuldades. A juventude foi complicada por causa da
separação dos pais. Como se não bastasse, a lavadeira Maria Evanilda de Sousa,
mãe de Agleilson, contou que ele ia pra rua chupar manga quando a fome
apertava, uma vez que faltava dinheiro para as refeições.
Ainda guardador de carros, teve
que conviver com uma rotina pesada de trabalho para ajudar a mãe, com quem
ainda mora. Contudo, nunca abandonou completamente os estudos. "As pessoas
generalizam, não é? Quando era flanelinha, eu sofria discriminação. Os
moradores achavam que eu era drogado. O preconceito ainda é forte",
desabafou.

Incentivado pela família e
amigos, o mossoroense fez a inscrição no vestibular de 2009 da Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). "Sempre fui apaixonado pela
matemática".
A felicidade, em forma de
aprovação, veio logo depois. Mas, concluir o curso foi difícil. Estudar requer
tempo e dedicação total, segundo o novo educador. "Passei por sufocos, mas
não desisti", recorda.
Em 2014, Agleilson se formou e
começou a dar aulas de reforço. A partir daí, surgiu uma nova paixão: a sala de
aula - mais uma etapa a ser vencida. E ele venceu. O confiante Agleison se
inscreveu em um concurso público em Mossoró e foi aprovado. O termo de posse,
inclusive, foi assinado no dia 28 de abril e daqui a duas semanas ele começa a
dar aulas.
Em tom de confissão, Agleison
reconhece que "a educação pode mudar vidas, assim como mudou a minha.
Outras vitórias virão".
Do G1 RN
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